Muitas pessoas me perguntam os motivos que levam a me incomodar com algumas coisas que, aparentemente, não me atingem diretamente.
Quando me questionam isso, sempre lembro do início da minha adolescência, quando percebi que as minhas inclinações destoavam da maioria dos meninos da minha idade. Aquilo me fez sentir horrível. Sozinho. Estranho. Esquisito.
Hoje eu percebo que isto foi a minha grande redenção. As vezes tento me imaginar se todas essas dificuldades de adequação nunca tivessem acontecido. A conclusão que chego é que eu não me reconheceria. Não supervalorizando, mas me parece que esta característica esculpiu minha personalidade.
(In)felizmente eu sei o que é se sentir diferente, estranho e esquisito. Isto me faz tomar as dores que não são minhas, pois na verdade, são minhas sim. No dia da apresentação do meu trabalho de conclusão de curso, disse que a minha sexualidade tinha me levado a graduação no curso de psicologia e estava me possibilitando concluí-lo. E é isso. Me respeitar me ensina a respeitar os demais em sua pluralidade.
Passeando pelo facebook de uma amigo, me deparei com este texto. Texto este que me fez escrever “este” texto.
Abaixo resume como me sinto e acredito:
Primeiro levaram os negros
Mas não me importei com isso
Eu não era negroEm seguida levaram alguns operários
Mas não me importei com isso
Eu também não era operárioDepois prenderam os miseráveis
Mas não me importei com isso
Porque eu não sou miserávelDepois agarraram uns desempregados
Mas como tenho meu emprego
Também não me importeiAgora estão me levando
Mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém
Ninguém se importa comigo.Bertolt Brecht